Por
uma série de razões, fazer delação premiada é a única saída para Eduardo Cunha.
O ex-presidente da Câmara é o político mais importante preso até agora
pela Operação Lava Jato. Ele foi detido hoje em Brasília.
Quando
o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu foi preso, o petista já estava numa
espécie de ostracismo político e cumprindo pena pelo escândalo do
mensalão. Apesar de ter sido cassado, Cunha teve muito poder até
recentemente. Neste ano, ele foi o principal ator do processo de impeachment da
então presidente Dilma Rousseff. Ao contrário de Dirceu, estava livre, leve e
solto.
Cunha
foi o principal operador de esquemas de corrupção no PMDB. Há um conjunto de
acusações contra ele nesse sentido. Atuou como corrupto, cobrando propina, mas
também exerceu o papel de corruptor, repassando recursos a políticos para que
se comprometessem com suas prioridades no submundo de Brasília. As grandes
empresas bajulavam Cunha. A imprensa o reverenciou.
O
peemedebista é um personagem que detém enormes segredos. Como responde a um
caminhão de acusações, só a delação premiada poderia evitar uma condenação com
longa pena em prisão fechada. Também seria a forma de proteger familiares, algo
que o preocupava bastante.
Na
Procuradoria Geral da República, havia comentários desde o ano passado dando
conta de que existiam razões suficientes para prender Cunha. Mas o posto de
presidente da Câmara o protegeu e permitiu que tivesse ação decisiva na queda
de Dilma.
A
prisão de Cunha é a primeira onda de um tsunami da Lava Jato que deverá atingir
peemedebistas e tucanos. Tem potencial explosivo parecido com o conjunto de
revelações que executivos da Odebrecht ainda farão.
O
peemedebista é uma ameaça concreta à sobrevivência do governo Temer devido ao
conhecimento profundo de bastidores sobre figuras centrais da atual
administração. Por último, a prisão ajuda o juiz Sergio Moro e o
Ministério Público a rebaterem a crítica de que há seletividade contra o PT na
Lava Jato.
Diante
de todo esse cenário, a delação premiada de Eduardo Cunha tende a ser uma
questão de tempo. Blog do Kennedy
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