Sobrevivemos
às duras penas em um país ora destruído pela corrupção cultural dos políticos
em geral aliada ao desinteresse da maioria da população pela coisa pública e
ainda a uma pequena casta que defende seus interesses em troca
“favor-e-cimento” e de outras benesses, principalmente os cargos comissionados.
É
nesse obscuro cenário que o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de
Filadélfia, Sisef, vem travando, desde a sua fundação, uma luta que tem se
tornado cada vez mais desigual para cumprir seu papel de representante e de
defensor dos direitos dos servidores municipais da nossa cidade. Isso também
por consequência da infeliz postura de
nossos políticos que se dizem democráticos, mas, que só aceitam a hipótese da
democracia, caso tudo gire em torno de um consenso unicista. Ou seja,
"democracia" pautada no velho princípio dos tempos do coronelismo:
Manda quem pode!
Tal
forma de poder, lamentavelmente, não tem a capacidade de agir em comum acordo,
mas, sim, como se fosse mera propriedade daquele que representa legalmente esse
poder aliado a um grupo, de insaciável sede pelas posses mesmistas, onde ambos
se conservam unidos em uma crescente mediocridade incapaz de lutar por mudanças
radicais em seu modo de viver e, sobretudo, no próprio sistema político de sua
doentia sociedade. Nesse quadro negro e desolador, aumenta a desintegração do
poder agir politicamente no coletivo, facilitando, então, a manutenção de uma
ordem estabelecida que destrói o poder de ação política pública.
Para
tanto, os políticos, incluindo, especificamente, os prefeitos, contam com o
imprescindível apoio da massa, representada por uma já referida casta, que não
é analfabeta e nem tampouco de baixo poder aquisitivo. Muito pelo contrário,
escravizada pelos governos que exercem influência sobre ela, embora a mantenha
nas trevas da ignorância, essa massa é composta por líderes carismáticos que,
em sua ânsia de ascensão social a qualquer preço, acabam por potencializar o
assistencialismo ao adotar uma reacionária postura que, além de legitimar a
própria opressão de gestores arbitrários e plutocráticos, também enfraquece,
ainda mais, a luta dos deserdados e oprimidos.
Confusos
em seus propósitos e sem saber, ou poder, agir livremente, os membros dessa
massa, normalmente nomeados para cargos estratégicos, dependem sempre de
autoridades externas que exercem sobre eles suas influências diretrizes. Dessa
forma, embora sejam marionetes da enferrujada engrenagem do poder, acreditam
piamente que agem de forma pessoal e por vontade própria.
Almejando
abarcar tudo que está a seu alcance, tal massa, não anseia por mudanças
políticas na área da saúde, da educação, da segurança e muito menos da justiça
social, porque ela é antes de tudo patriarcalista e racista e, como tal, jamais
se reconhece na vida periférica dos oprimidos e dos trabalhadores, incluindo aí
os docentes, eternamente explorados e perseguidos pela ganância e pelo
autoritarismo de gestores públicos que, paradoxalmente, pregam a necessidade de
uma melhoria principalmente na educação.
Altíssimo
é o preço dessa abominável postura de grande parte da nossa sociedade. Sentimos, nos dias de hoje, uma
espécie de lamaçal ético que, contraditoriamente, repugna, mas, que também dá prazer. Por esse
lamaçal tem-se amor e ódio. De certa forma, fazemos parte dele, mas, por outro
lado, isso nos repugna. Percebemos que hoje quem é honesto, é considerado
otário, a chacota da sociedade. Quase todos querem, sim, ter a fama de espertos
e capazes e, tudo isso, por meio da política de cooptação que nos rebaixa e nos
decepciona! mas, mesmo assim, muitos, abduzidos pelo "canto da
sereia" dos poderosos corruptos, acabam por prevaricar, agem muito mal...
Abusam!
Temos
que ter a consciência de que a nossa dignidade está na ética. Somente ela poderá nos tirar desse lamaçal,
por isso a reivindicamos. Todavia, não podemos continuar com a prática dualista
da ética em que o princípio da honestidade e o cumprimento do dever coexistam,
paralelamente, com uma ética malandra que valoriza a astúcia e quer levar
vantagem em tudo. Não podemos exercer a cidadania cobrando honestidade dos
imorais ou ditadores políticos, fazendo, ao mesmo tempo, uso dos expedientes da
malandragem e do jeitinho para resolver problemas cotidianos.
É
possível que ainda tenhamos alguma dignidade! E esta, sim, tem que ser dita e
gritada em alto e bom som. É uma ética
meio desesperançada, mas é a que temos para hoje. Quiçá ela nos livre desse
espírito de Malazartes, que tem atingido até mesmo "educadores", que não visa à transformação do sistema, mas,
a manutenção da vida e da vantagens
eventuais, burlando, se preciso, as leis ou normas, mas sem a pretensão de
modificar o todo das instituições, interessando-se, enfim, em continuar levando
uma vida malandra, sem se submeter à
exploração do trabalho, praticada pelos sucessivos e igualmente medíocres
gestores
Tenho
dito!
Valter
Silva.
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