Horas
após o apelo de ministros para que a Polícia Militar voltasse ao trabalho e o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ter declarado que o crime de
motim poderá ser federalizado, parte dos PMs começou a patrulhar, na tarde de
ontem, o Espírito Santo. A maior parte dos policiais continuava aquartelada,
mas, de acordo com Polícia Militar, 600 PMs voltaram às ruas, na Região
Metropolitana de Vitória, após um chamado operacional realizado às 16 horas de
ontem. Por volta das 18 horas, pelo menos 50 PMs à paisana se reuniram na Praça
Oito, no centro de Vitória. Suas fardas estavam nos batalhões, que continuavam
cercados por mulheres de policiais, e eles aguardavam as ordens do comando. Os
homens que tinham uniforme em casa saíram direto para as ruas. Ontem, quatro
ministros – Raul Jungmann (Defesa), Sérgio Etchegoyen (Gabinete de Segurança
Institucional), Antonio Imbassahy (Governo) e o interino José Levi Mello do
Amaral Júnior (Justiça) – desembarcaram em Vitória para uma série de reuniões
na tentativa de colocar fim ao motim da PM, que completou oito dias. Desde o
sábado passado (4), quando as mulheres dos policiais bloquearam os batalhões,
impedindo os agentes de entrar e sair, 137 pessoas foram mortas no Espírito
Santo, a população ficou aprisionada em casa, as ruas esvaziaram, ônibus
deixaram de rodar e lojas foram saqueadas. Um acordo chegou a ser anunciado na
noite de sexta-feira (10) pelo governo estadual, mas na manhã de sábado (11)
nada havia mudado. No início da tarde, o ministro da Secretaria de Governo
afirmou não haver "a menor possibilidade" de qualquer movimentação
política em favor da anistia dos PMs ser aprovada no Congresso Nacional.
"Existem movimentações iludindo pessoas, como se fosse acontecer uma greve
e não haver nenhum tipo de penalização. É muito importante deixar esclarecido:
nós temos de manter a ordem e cumprir a lei", afirmou Imbassahy.
Anteontem, o governo capixaba já havia anunciado a abertura de indiciamento de
703 policiais e informado que o número seria ainda maior. Mais tarde, o
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que também estava em Vitória,
divulgou nota em que dizia estudar a federalização do crime de motim em razão
do "grave comprometimento da ordem pública". Com isso, os casos
passariam a ser julgados pelo tribunal militar da União, com "tramitação
mais rápida e penas que costumam ser mais severas", segundo o ministro do
Gabinete de Segurança Institucional. Em alerta. O ministro da Defesa garantiu
que o governo federal está monitorando a movimentação em todos os Estados
brasileiros, com especial atenção para o Rio de Janeiro. As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo. BN
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