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segunda-feira, 20 de maio de 2019

Reitor da Univasf diz que universidade pode fechar as portas no próximo mês de setembro por causa de bloqueio do MEC


A Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) poderá fechar as portas ainda este ano devido ao contingenciamento de 30% de seu orçamento pelo Ministério da Educação (MEC). O corte é de quase R$ 12 milhões. Em entrevista exclusiva a este Blog, o reitor Julianeli Tolentino mostrou-se preocupado com a situação e afirmou que, caso o governo faça a manutenção desse bloqueio, a Univasf vai paralisar suas atividades já no próximo mês de setembro.
“A capacidade de executarmos os nossos serviços, como temos feito de ano a ano, ela diminuiu bastante. Caso não tenhamos o descontingenciamento – a liberação do recurso que estava planejado, de acordo com a Lei Orçamentária Anual -, nós temos uma grande probabilidade de descontinuarmos os nossos serviços, ou seja, parar as atividades da universidade como um todo já no mês de setembro“, afirmou Tolentino.
O reitor diz que a situação é preocupante não apenas para os estudantes. “É algo muito preocupante, porque pode levar a um dano muito grande. E não somente para a universidade como instituição, mas para quem participa, especialmente os estudantes e a população, que é diariamente beneficiada diante das várias ações que nós executamos no dia a dia, através de projetos de pesquisa e extensão, projetos que estão diretamente ligados à comunidade”, explica.
Julianeli Tolentino espera que o MEC se sensibilize com a causa e volte atrás. “Eu espero que o governo se sensibilize e o ministro da Educação volte atrás e desbloqueie esse recurso, para que todas as nossas universidades continuem oferecendo mais e melhores serviços à população, porque é através da educação que nós temos a certeza que acontecerá o verdadeiro desenvolvimento, com qualidade, das nossas regiões e consequentemente de todo o Brasil.“
O contingenciamento dos recursos tingiu o orçamento de custeio e de investimento de forma direta. Além disso, as despesas básicas também serão afetadas. “Caso haja a manutenção desse bloqueio, a partir do próximo mês de setembro não teremos condições nenhuma de pagarmos as faturas de água, de energia, de continuarmos pagando as bolsas para nossos estudantes – especialmente aqueles que estão em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que na nossa universidade chega a quase 80% do volume de estudantes, ou seja, em torno de quase 8 mil estudantes que dependem diretamente dos RU’s (Restaurantes Universitários), do sistema de transporte, das residências estudantis, dentre outros auxílios“, lamenta.
Caos
“A situação tende para o caos, mas eu tenho grande esperança de que o governo se sensibilizará e irá voltar atrás e liberar os recursos que tanto precisamos“, acredita o reitor, mantendo cautela e dizendo que, caso ocorra o fechamento dos portões, “iriamos adotar alguma estratégia para reiniciarmos as atividades de forma não garantindo as ações que estamos executando“.
Papel da instituição
“A nossa região precisa, e a nossa missão da Univasf é exatamente essa: oferecer educação superior de qualidade, no interior do Nordeste, o que estamos fazendo desde 2004 com muita eficiência“, finaliza Julianeli Tolentino.
Vale destacar que a Univasf possui campus nas cidades de Petrolina (PE), Juazeiro (BA), Senhor do Bonfim (BA), Paulo Afonso (BA), São Raimundo Nonato (PI) e Salgueiro (PE).
Cortes
O Ministério da Educação anunciou, no último dia 30 de abril, que todas as universidades federais do país sofrerão contingenciamento de 30% em seus orçamentos. A medida foi tomada após a pasta ser alvo de críticas por ter reduzido as verbas destinadas à Universidade de Brasília (UnB), à Universidade Federal Fluminense (UFF) e à Universidade Federal da Bahia (UFBA).
A diminuição dos recursos das três instituições tinha sido anunciada pelo ministro da Educação, Abraham Weintraub, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, publicada no dia 29 de abril. Ele justificou que as reduções no orçamento da UnB, da UFF e da UFBA foram definidas porque as três instituições estariam com sobra de dinheiro para “fazer bagunça e evento ridículo“.
Carlos Britto

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