Receber
proteção pode ser a diferença entre a vida e a morte de uma mulher. As Casas
Abrigo administradas pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Justiça,
Direitos Humanos e Desenvolvimento Social (SJDHDS), representam a possibilidade
de deixar para trás uma rotina de violência doméstica. Atualmente, as três
unidades dispõem de 60 vagas, sendo 20 em cada uma. Elas ficam em três
municípios diferentes da Bahia e estão à disposição de mulheres dos 417
municípios baianos.
Durante
o acolhimento, a mulher recebe suporte para que não volte para a situação de
violência em que se encontrava, como explica o secretário da SJDHDS, Carlos
Martins. “Nós temos todo um trabalho de proteção, com equipe de psicólogos e
assessores, que discutem a possibilidade de colocá-la em políticas de educação,
profissionalização ou empreendedorismo, a depender do caso. Isso para que elas
possam sair do abrigo com uma perspectiva de autonomia”.
As
Casas Abrigo fazem parte do projeto 'Oferta Regionalizada do Serviço
Institucional de Acolhimento para Mulheres em Situação de Violência'. “Antes, a
gente tinha apenas uma Casa Abrigo e, em 2018, nós resolvemos regionalizar e
ampliar, com a meta de chegar a cinco até 2020. Assim, nós saltamos de 20 para
100 vagas disponíveis. Já estamos discutindo com os próximos dois municípios
que vão receber as duas unidades”, acrescenta Martins.
Coordenadora
de uma das Casas Abrigo, Geisika Dantas destaca que “muitas mulheres ficam
sujeitas à violência doméstica pela dependência econômica. Então, quando a
mulher chega à Casa Abrigo, ela passa por oficinas profissionalizantes. Além
das oficinas e cursos que oferecemos, a gente também estimula para que, ao se
desabrigar, ela faça o Enem, ingresse na Educação para Jovens e Adultos [EJA]
ou procure uma atividade produtiva remunerada".
Abrigada
há dois meses em uma unidade, uma das mulheres conta a história que viveu e diz
que o período de acolhimento ampliou seus horizontes. “Eu passei, durante oito
meses, por violência física, sexual e psicológica. Fiz a denúncia, fui
encaminhada e, aqui na Casa Abrigo, eu tenho refletido bastante sobre o que eu
quero na minha vida. Foi aqui que eu conheci a Educação para Jovens e Adultos e
vou fazer a prova quando sair daqui. Na Casa Abrigo, eu aprendi muitas coisas.
Participo de oficinas em áreas que podem ser até minha sobrevivência, sem
depender de ninguém”, afirma.
Importância
da denúncia
Psicóloga
da Central Estadual de Atendimento, Cíntia Palma orienta que qualquer mulher
que sofra violência doméstica, seja física, psicológica ou patrimonial, procure
uma delegacia especializada da mulher ou uma delegacia comum e faça a denúncia.
“O caso será encaminhado para os órgãos competentes de acompanhamento na
Assistência Social do município, que vai entrar em contato com a Central de
Acolhimento Estadual. O caso será analisado e a mulher será abrigada em uma das
unidades. Mas é preciso que a mulher denuncie”.
Segundo
Cíntia, a mulher pode sair da Casa Abrigo no momento em que decidir. “Mas enquanto
estiver ali, ela não pode ter contato com o exterior. À medida em que presta a
denúncia, o homem é indiciado e é iniciada uma Medida Protetiva de Urgência
[MPU], que vai servir para que o agressor responda um processo criminal e vai
garantir que ele não se aproxime mais dela”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário