Os
produtores de uva do Vale do São Francisco, em Juazeiro, começaram este mês a
colheita da fruta que será exportada para a Europa e Inglaterra em meio a pior
estiagem da história, mas isto não é motivo de tanta preocupação. É que, ao
contrário do que se pode pensar, a falta de chuvas é até bem-vinda, pois a
fruta perde a qualidade quando chove demais: racha a casca, muda a coloração,
fica menos doce e incha, por absorver mais água.
A
situação é inversa a de criadores de caprinos e ovinos da chamada área de
sequeiro, onde a estiagem se agravou nos últimos cinco anos, com tendência de
piora para os próximos meses. Por conta da falta de chuva, a ração para o
rebanho só diminui. De acordo com o Instituto do Meio Ambiente e dos Recursos
Hídricos (Inema), entre janeiro e setembro Juazeiro teve o pior índice
pluviométrico da Bahia, com apenas 118,3 milímetros de chuva. Em todo 2016,
foram 323,7 milímetros durante todo o ano.
Em
Juazeiro e região, segundo o Inema, ocorrem poucas chuvas este ano por conta da
influência constante uma massa de ar quente e seco, que contribuiu para reduzir
a nebulosidade e, consequentemente, as chuvas. No outro extremo, a cidade que
mais registrou chuvas este ano no Estado foi Canavieiras, no sul da Bahia, com
1.498,2 mm.
É um
volume de chuva que a gerente administrativa da Cooperativa de Produtores
Exportadores do Vale do São Francisco (Coopexvale) deseja que caia na barragem
de Sobradinho, no Rio São Francisco e que está em sua pior seca, com 3,4% do
volume. A previsão da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf) é
que ao final do mês a barragem de sobradinho chegue ao volume morto. A atual
vazão está em 550 metros cúbicos de água por segundo.
“Só
queremos chuva para que encha mais o rio, mas para a lavoura de uva não é muito
boa, pois desregula a irrigação”, comentou Jucileide Viera, segundo a qual a
colheita da uva para exportação vai até novembro. A Coopexvale atua no
Perímetro Irrigado Nilo Coelho, onde estão 27 grandes produtores. A
previsão para este ano na área da Coopexvale é que haja aumento de 20% com
relação à colheita do ano passado, de 9 mil toneladas de uva nos lotes
empresariais e familiares, o que rendeu cerca de R$ 20 milhões.
Mário
Bittencourt-Rede Bahia-Correio
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