A mãe biológica das crianças de Monte Santo, Silvânia Maria
Mota da Silva, devolveu na última semana mais um dos filhos à família paulista
que tinha adotado a criança. Em junho, ela já havia entregue sua filha de 4
anos para a família adotiva. Os outros três filhos continuam com a mãe.
"Devolver o menino foi a melhor coisa que eu fiz. Agora, pelo menos com
esse não preciso mais me preocupar. Está seguro. Já devolvi dois. Agora, faltam
só três", afirma. "Quero devolver os cinco às famílias do coração.
Não tenho condições de criar e sei que eles serão mais felizes em São
Paulo", disse ela ao portal Uol.
Na semana passada, Silvânia viajou para Indaiatuba, a 101 km
de São Paulo, para entregar o filho de 5 anos aos pais adotivos. Lá, ela
assinou um documento em que autoriza a permanência da criança na cidade, e
constituiu um advogado que passa a representá-la no caso. Silvânia afirmou que
devolver os filhos foi uma decisão que tomou pensando no melhor para as
crianças. "Aqui (na Bahia) eles nunca terão as chances que terão em São
Paulo". E acrescenta: "Eles sempre pediram para voltar. Eu nunca
devia ter tirado eles dos pais adotivos. Mas fui influenciada por muita
gente".
A
chegada do menino à Indaiatuba, na última quinta, aconteceu com festa. A mãe
adotiva Débora Brabo Melecardi disse que o garoto já retomou sua rotina e não
fala mais da Bahia. "A impressão que eu tenho é que na cabeça dele, ele
estava passando férias lá. É como se ele nunca tivesse saído daqui. Ele está
muito feliz e nós mais ainda", afirmou.
Em maio, ela afirmou que as crianças passavam por
necessidade e eram sustentadas com recursos do Bolsa Família. No mesmo mês, o
Tribunal de Justiça do Estado (TJ-BA) anulou a sentença do
juiz Luiz Roberto Cappio, que determinou a devolução dos irmãos à família
biológica. Na época, o processo de adoção foi considerado irregular e, em 2012,
Cappio decidiu pelo retorno das crianças à Bahia.
Desde setembro de 2014, as crianças mantêm contato com as
famílias paulistas. De acordo com a advogada das famílias, Lenora Panzetti, foi
o Ministério Público do Estado (MP-BA) que fez a aproximação. “Não teve ameaça,
tráfico, nada daquilo que foi mostrado”, afirmou Lenora.
A história ganhou repercussão nacional e foi denunciada no
Fantástico, da Rede Globo. Na época, os pais das crianças afirmaram que elas
foram retiradas de casa pela polícia, de forma irregular, após ordem do juiz
Vítor Manoel Xavier Bizerra, que na época atuava em Monte Santo e chegou a ser
afastado pelo Conselho Nacional de Justiça. Duas crianças foram levadas para
Campinas. As outras para Indaiatuba. Posteriormente, a Justiça determinou o
retorno das crianças para a Bahia.
Fonte:
Correio da Bahia
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