O forró tradicional deu o tom
da apresentação de Cicinho e Julie de Assis, neste sábado (23), segunda noite
da programação do São João de Irecê, no Centro Norte baiano. Pai e filha
subiram juntos ao palco com o autêntico pé de serra, sem se preocupar com o que
alguns chamam de “invasão” de outros ritmos. Segundo o artista, não é difícil
ser um forrozeiro autêntico, mesmo diante deste cenário. “É simples. É fazer o
fácil, porque fazer o fácil é difícil. É fazer o forró mesmo, pé de serra, e
deixar quem quer fazer o sertanejo, ou sei lá, o arrocha. Eu não tenho nada
contra também. Eu acho assim, São João tem que ser forró é forró, mas também pode
mesclar por exemplo, como o Amado Batista, que é muito amado na região. Acho
que tem que respeitar a opinião do povo também”, explicou Cicinho, em
referência a outra atração da festa (clique aqui).
Mobilizado na luta para o
reconhecimento do forró como patrimônio cultural do país, o cantor destaca o
papel da tradição passada ao longo das gerações. “Eu também defendo a música de
raiz. A música que eu faço eu tive o prazer e a honra de aprender com meu pai,
de pai pra filho, e estou seguindo mais adiante”, diz Cicinho, que, por sua
vez, garantiu que a riqueza desta arte perdure através da filha Julie de Assis,
que ficou conhecida em todo país, após participar do The Voice Brasil, há três
anos. “Fazer música com minha filha é simples também. É muito fácil, porque
Julie me acompanha desde cinco anos, então, quando eu descobri que ela tinha o
dom pra música eu peguei ela com seis, sete anos, comecei a levar ela para as
festinhas, festa de aniversário, casamento, essas coisas. Assim como também
comecei com meu pai, com sete, oito anos. E ela tá dando seguimento junto
comigo. Eu tenho que apoiar e já faz parte do meu trabalho, porque esse ano a
gente juntou os dois, pai e filha, e estamos com esse projeto novo: Cicinho e
Julie de Assis”, explica o forrozeiro.
Para a jovem cantora, o
processo foi muito natural. “Meu pai sempre foi meu guiador, ele nunca me
obrigou a fazer. Ele viu que eu tinha jeito pra coisa e foi me levando aos
poucos, foi vendo que eu tinha o dom, viu que eu era afinadinha e fez: ‘ela
leva jeito pra coisa’ (risos)”, conta Julie, que na última sexta-feira (21) fez
sua estreia solo, no Pelourinho, em Salvador. “Poxa, foi muita emoção, porque
foi a primeira vez que eu cantei sem meu pai, entre aspas, porque ele estava do
meu lado me apoiando, mas achei que era difícil. E fiz ‘eu nunca vou conseguir
fazer o show sozinha’. Mas não, até que não, eu consegui, graças a Deus.
Contive a minha emoção pra não ficar muito à flor da pele e a galera me ajudou
bastante, porque a gente de Salvador te abraça”, lembra a artista. “Foi muita
emoção e nervosismo, mas também a felicidade de ter feito o trabalho certo,
trabalho concluído. Tudo que eu ensaiei, o repertório, tudo saiu nos conformes,
então pra mim foi ótimo”, conclui Julie, garantindo que não modificou a essência
após três anos de sua participação no reality show da TV Globo. “A Julie não
mudou muito. Continua aquela menina meio timidazinha (risos), só que agora um
pouco mudada, agora de cabelo cacheado, toda empoderada, mais autêntica, com as
decisões mais certas, humilde sempre, sorridente sempre e fazendo o que mais
gosta”, explica. Sobre o empoderamento, Julie diz que foi um longo processo:
“Demorou bastante, porque eu era muito fechada às coisas que estavam
acontecendo. Pra mim era tudo ok, mas com o tempo a gente sofre, e é ai que a
gente vê que faltava na gente. Eu senti que faltava em mim e precisava mudar
aquilo. E fiz: ‘eu vou mudar’. E a mudança tem que vir a partir de mim, e
quando eu mudei eu fiz: ‘agora ninguém mais me muda, agora ninguém mais mexe
comigo não!’ (risos)”.
Por
Fernando Duarte, de Irecê
Bahia
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