O
empresário João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho – até então apontado como um
dos donos da aeronave que caiu no Boqueirão, em Santos, matando sete pessoas –
alega, agora, que “não era e nunca foi proprietário ou explorador” do jato
Cessna Citation 560XL.
A declaração representa uma reviravolta
no caso, depois de o empresário ter contratado um escritório de advogados para
celebrar acordos com vítimas no solo do acidente. O avião, que transportava o
candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, e seis membros
da sua equipe, caiu em 13 de agosto de 2014.
Escombros atingiram casas e
estabelecimentos comerciais nas imediações das ruas Alexandre Herculano e Vahia
de Abreu. Desde então, 16 ações já foram abertas na Comarca de Santos. As
vítimas pedem reparações por danos materiais e morais causados pelo
acidente.
O argumento do empresário, que mora em
Recife (PE), integra a contestação preparada pelo escritório contratado por ele
diante da ação movida por uma família santista. O documento, assinado pelo
advogado Carlos Gonçalves Júnior, pede a extinção do processo e sinaliza que
esta será a estratégia da defesa para escapar das indenizações nas outras
ações.
Na
contestação, o advogado de Lyra afirma que a aeronave acidentada é de
propriedade da Cessna Finance Company e objeto de arrendamento operacional da
AF Andrade Empreendimentos e Participações Ltda., empresa com sede em Ribeirão
Preto, no Interior.
A defesa juntou à ação uma carta de
intenção de compra, assinada pelo empresário, em que ele se propunha a
arrematar o jato por US$ 8,5 milhões. O documento detalha como deveria ser o
pagamento: Lyra pagaria uma parcela de US$ 327,8 mil em 15 de maio; em 30 de
maio, honraria outra, de US$ 139,8 mil. O saldo devedor seria quitado em 30 de
junho de 2014.
A defesa afirma que, apesar de o avião
estar a serviço do PSB por intermédio de Lyra, a transferência não se
concretizou. Com isso, o empresário empurra a responsabilidade para a AF
Andrade, que está em processo de recuperação judicial.
A contestação da defesa foi feita em 16
de junho. O empresário pede a impugnação do benefício de assistência jurídica
gratuita para a família. Se acatada pela Justiça, além do prejuízo causado pelo
acidente, a família deverá arcar com os custos processuais.
O
acidente
O acidente ocorreu na manhã de uma
quarta-feira, dia 13 de agosto, nas imediações do Canal 3, no Boqueirão. O
Cessna 560 XL vinha do Rio de Janeiro e refazia os procedimentos para o pouso
na Base Aérea de Santos. Após arremeter na primeira tentativa, por causa do mau
tempo, a aeronave caiu nos fundos de uma residência, atrás de uma academia de
ginástica, localizada no perímetro entre as ruas Vahia de Abreu e Alexandre
Herculano. Pelo menos 10 imóveis, atingidos no acidente, precisaram ser
interditados.
Na hora da tragédia, ventava muito e o
tempo estava ruim. Os sete ocupantes do avião morreram. Outras onze pessoas
ficaram feridas em solo.
Além de Campos, morreram Pedro
Valadares, assessor direto; Carlos Augusto Percol, assessor de imprensa;
Marcelo Lira, cinegrafista; e Alexandre Severo, fotógrafo oficial, além dos
pilotos Marcos Martins e Geraldo da Cunha.
Fonte:
A Tribuna.com.br
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